Nos
confins das férias, madrugada à dentro, eis que a fome ataca. Com a
laterna do celular acesa, sorrateiro, lá fui, pé ante pé, desfalcar os
cofres da cozinha. Havia biscoitos e outros petiscos, mas o inusitado
mais me atraiu, posta de peixe, em verdade peixes, pois eram de dois
tipos. O primeiro bem fino, não pesquei,
então só podendo desconfiar, desconfiei. Devia ser traíra, especizinha
danada de peixe estranho, que come outros tantos e morde mão de pescador
iniciante, mas seu comportamento pouco importou, o fato de relevância
era o comer mesmo. Só se retirou a cabeça, e o corpo tinha espinhas café
com leite de tão mole que se mastigavam. O outro tipo de peixe, da qual
a espécie eu nem desconfio o nome, tinha esqueleto mais robusto e, por
isso, foi cortado e frito bem amiúde, facilitando a retirada de seus
espinhões.
Veja só, parece até então tudo sem sentido, mas o curioso é ver como o
método culinário se assemelha com o nosso comportamento na resolução dos
problemas. Aí é que a questão está, tal qual o peixe que apresenta
espinha maior é mais dividido para melhor manusearmos; na vida, os
maiores problemas tem de ser repartidos e estudados para solução mais
eficaz. E o que às vezes acontece no cotidiano dos dilemas,
ocorrereu-me; com as espinhas maiores problemas não tive, mas logo com
as menores me engasguei, tal qual situação adversa que a gente nem sente
na boca e quando vê já vai espetando a garganta. Sorte nossa dispormos
de copos d’água, às vezes, quem sabe, dedo na goela, para solucionar o
menor dos problemas que se apresentou grande.
espinha de peixe é tenso...
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